Entre os diversos passeios pela internet, me deparei com uma matéria http://noticias.bol.uol.com.br/ultimas-noticias/entretenimento/2014/02/19/assumir-se-gay-apos-levar-uma-vida-hetero-e-mais-dificil-leia-historias.htm#fotoNav=2, entre muitos aspectos duas coisas me chamaram muito a atenção, uma a declaração de que uma pessoa dizia ter sido seu casamento heterossexual muito bom, considerado acima da média e que sentia falta dessa relação e outra neste depoimento: “Tentei levar uma vida de heterossexual, mas não deu certo. Casei para provar a mim mesmo algo que eu não era, mas quando os gêmeos completaram dois anos decidi me separar, sair de casa e assumir minha opção”, conta Jackson.
Li e reli inúmeras vezes esse depoimento e me veio o questionamento, a mídia, a sociedade, os Poderes Constituídos, toda uma sociedade lutando e discutindo sobre os direitos dos homossexuais, sobre preconceito, sobre homofobia, e isso é muito importante, porque nada justifica a violência. É preciso leis específicas para tratar dessa situação, e acabar com os abusos, mas que direito tem um homossexual de se casar sabendo da sua opção sexual, para provar a ele ou a sociedade que não o é?
E o direito do outro, onde está?
Quando se inicia um namoro, homem e mulher passam a construir sonhos, projetar um futuro a dois, construir uma família. Tudo gira em torno dessa expectativa, e a confiança é peça fundamental nesse relacionamento. Não existe uma garantia que vá dar certo, mas ninguém psicologicamente saudável assume um casamento pensando que vai dar errado. O casamento civil segundo o Wikipédia: é um “ contrato entre o estado e duas pessoas tradicionalmente com o objectivo de constituir família”. Ecomo em todo contrato consta a qualificação de ambas as partes, assim em casamento hetero, as partes se declaram homem e mulher. É isso que se acredita, é nessa base que se constrói os laços do matrimônio, e se o casamento não der certo, ocorrerá a separação pela falha na realização do objeto, que será com certeza muito dolorida, mas haverá a consciência que houve erro de ambas as partes. Mas sair do casamento para se assumir homossexual é desqualificar “a parte” no contrato, seria um tipo de “falsidade ideológica moral”, é declarar como verdade algo que se sabe não ser, é mentir.
E os danos que se causa no outro? Como lidar com a sensação de ser usado? Como conviver com a humilhação diante da sociedade? Como entender o desmoronamento de um castelo que se imaginou ter um alicerce sólido, concreto? O que dizer aos filhos? Como enfrentar os pais? Como superar as piadinhas que o perseguirão por uma vida inteira? Como acreditar em alguém novamente? Como reconstruir a vida depois de uma desilusão dessa magnitude?
No momento que tanto se busca os direitos dos homossexuais, é necessário se pensar também nos deveres e nas obrigações. É abrir discussões,chegar a um entendimento. Seria um crime o homossexual entrar em uma relação “hetero” para se auto-afirmar ou se colocar diante da sociedade? É justo usar o outro para resolver seus problemas pessoais? Caberia indenização por danos morais?
Diante de tanta mobilização social, definir legislação para garantir os direitos do homossexual é tão importante, quanto legislação que garanta os direitos dos heterossexuais também. Afinal, conforme declara a CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, no seu Art. 5º: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza…”
E para que se possa refletir e discutir, fica a frase: “… o direito de um acaba onde começa o direito do outro.”